Eu fui chamado João Batista. E com razão, ó Senhor Deus, pois na minha pregação junto ao rio Jordão, preparando os seus caminhos, eu também batizava as pessoas com o batismo da água.
Um dia estava uma multidão reunida ao meu redor. E me dirigiram uma pergunta direta: “Que devemos fazer?” Essa pergunta das pessoas revelava que estavam abertas para minha mensagem de mudança de vida. Sim, o que deve ser feito para a sua chegada à história humana, Senhor?
Diante dessa abertura da multidão, fui claro na resposta: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Nessa postura concreta de dar túnicas e dar comida, está a exigência da justiça. Senhor, a sua vinda é para restaurar a justiça de Deus entre os humanos. Restaurar a justiça perdida pela injustiça da “serpente” na origem de todo o pecado, que é colocar-se no lugar de Deus criando uma desarmonia social e global.
Senhor Deus, apareceram também, mais para o batismo do que a pregação, cobradores de impostos, e fizeram a pergunta: “Mestre, que devemos fazer?” Claro, na linha da justiça de Deus, respondi concretamente: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. Isso é justiça!
Também estavam presentes soldados, e deles brotou a mesma pergunta: “E nós, que devemos fazer?” Mais uma vez fui muito concreto na resposta: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário”. Isso é justiça!
Percebi, Senhor Deus, que, com a minha pregação e meu batismo, a expectativa de todos estava aumentando em relação à vinda do Messias. Todos se perguntavam no seu íntimo se eu próprio não seria o Messias. Tive que declarar a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.
Nada de confusão, portanto: eu apenas sou o precursor do Messias com minha pregação e meu batismo com água. O Messias é maior e eu sou menor! Nem digno sou de “desamarrar a correia de suas sandálias. O batismo dele é essencialmente diferente: é um batismo no Espírito Santo e no fogo. Por fim, quando o Messias vai vir (e já está chegando) usei uma linguagem simbólica forte para expressar o que realmente vai acontecer: Vir com a pá na mão para limpar a eira, significa que o Messias vai exigir uma decisão: os que aceitam e acolhem a boa nova messiânica são trigo recolhido no celeiro; os que não aceitam e não acolhem a boa nova messiânica são como “palha que será queimada no fogo que não se apaga”.
Senhor Deus, esta foi a minha pregação e o meu batismo, neste dia, junto ao rio Jordão, à multidão que estava presente, particularmente aos cobradores de impostos e soldados que se dirigiram a mim. Mas, seguiram-se outros dias, nos quais eu pregava e batizava. Assim pude também de outros modos anunciar ao povo a boa nova.
É uma missão grande, essa minha! Mas vale a pena: a vinda do Messias, a sua vida, Senhor Deus, é a salvação da humanidade. A “serpente” que venceu na origem do pecado, finalmente será totalmente destruída! A justiça de Deus será restaurada: o caminho para Deus é restabelecido; a verdade de Deus é aceita; a vida de Deus é plenificada.
Dom Jacinto Bergmann,
Arcebispo de Pelotas.
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