Uma das belas afirmações atribuídas ao grande São Francisco de Assis é esta: “preguem sempre o Evangelho, algumas vezes também por palavras”. Em outras palavras, que os outros – também os analfabetos – possam ler o Evangelho vivo em nosso modo de viver. Aliás, foi exatamente isso que São Vicente de Paulo (1581-1660) testemunhou em relação a São Francisco de Sales, seu amigo pessoal, no processo de sua beatificação: “Não podia deixar de ver nele senão o homem que na sua vida melhor representou o Filho de Deus... Todas as suas ações eram como uma pregação”.
Deus nos conduz – Até poucos meses atrás eu pouco conhecia sobre São Lourenço. Ao conduzir-me aqui a São Lourenço do Sul, o bom Deus convidou-me a conhecer e admirar esse grande santo. Estou tentando fazer isso, de modo especial durante esta novena de São Lourenço, em preparação à festa dele, dia 10 de agosto. Sinto-me pequeno diante da grandeza de sua fé, de sua determinação em seguir a Cristo, até o martírio.
Uma vida que fala alto – De tudo que li sobre São Lourenço, encontrei apenas uma frase que teria saído de sua boca. E esse já é, por si mesmo, um grande ensinamento! Um mundo poluído de mensagens, de palavras, de fake news é um mundo que precisa com urgência da força do testemunho, daqueles que evangelizam mais pela vida do que por palavras. Coincidentemente, como Jesus, também Lourenço foi martirizado na flor da juventude, aos 33 anos de idade. Um mundo que faz de tudo para aumentar a idade cronológica dos seres humanos, precisa ser despertado para o mais importante: mais do que viver muitos anos, é preciso encontrar um sentido que plenifica a vida e nos faz viver bem nesta terra, no tempo que o bom Deus nos concede.
Auge das perseguições – Os três primeiros séculos do cristianismo foram marcados por perseguições e muito derramamento de sangue. Professar publicamente que “Jesus é o Cristo” era motivo de ser martirizado, pois significava afirmar que o Senhor de minha vida não é o imperador romano (que se considerava uma divindade), mas é Cristo, o Enviado do Pai.
Foi no tempo de Valeriano (imperador romano de 253 a 260) que ocorreram talvez as mais cruéis perseguições. Ele havia decidido acabar com a cabeça da Igreja (as lideranças). Por isso, em 6 de agosto de 258 o Papa Sisto II foi decapitado, juntamente com quatro diáconos. Tendo a total confiança do Papa Sisto II, o diácono Lourenço era o líder dos diáconos e administrava os bens econômicos do Vaticano.
Tesouro da Igreja – Após a execução do Papa, o imperador pediu que a Igreja entregasse suas riquezas dentro de três dias. Depois do terceiro dia, o diácono Lourenço levou para frente do palácio do imperador uma multidão de pessoas assistidas por ele em seu ministério diaconal: pobres, órfãos, viúvas, idosos e tantos outros necessitados. “Eis aqui o tesouro da Igreja!”, afirmou ele às autoridades.
Era o que faltava. Movido pela fúria e raiva, Valeriano ordenou que Lourenço fosse preso e queimado vivo. O santo manteve a postura de sempre: uma alegria e profunda fé, mesmo nesses momentos mais angustiantes e doloridos. Sabia que estava indo ao encontro de Jesus Cristo, seu senhor, na vida eterna. Ao ser queimado horrivelmente sobre a grelha, diz-se que teria dito aos soldados: “Agora podem me virar; este lado já está assado”.
Conversão – Uma imensa multidão acompanhava o martírio de São Lourenço. E narra-se que, no meio do povo, grande foi o número dos que se converteram a Jesus Cristo ao verem o testemunho do jovem São Lourenço. Desde o século IV, São Lourenço é um dos mártires mais venerados na Igreja, e seu nome aparece no cânone da missa.
São Lourenço, rogai por nós! Deus seja bendito!
Pe. Aldino J. Kiesel, O.S.F.S.
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